Ucrânia e Gaza são a última cavalgada do Ocidente
A guerra na Ucrânia, incentivada pelo Ocidente desde o golpe de Maidan em 2014, e o apoio ao genocídio promovido pelo governo de Israel contra os palestinos podem representar a última investida de um Ocidente que parece cada vez mais perdido.
Comecemos pela guerra na Ucrânia. Em 2014, forças ocidentais ajudaram a derrubar um governo ucraniano pró-Rússia, acreditando que isso dificultaria as atividades da Marinha russa no Mar Negro e permitiria posicionar mísseis mais próximos de Moscou.
No entanto, o plano fracassou quando a Rússia ocupou a Crimeia e surgiram focos de resistência ao golpe no leste da Ucrânia — regiões que vêm sendo bombardeadas por Kiev desde então.
Durante anos, a população de origem russa no leste ucraniano foi atacada sob o olhar cínico do Ocidente, especialmente da OTAN. A Rússia, então, alegando proteger essa população, decidiu intervir militarmente. O que se seguiu foi uma guerra que deveria ter durado cinco dias, mas que foi prolongada por pressão da OTAN, que armou e incentivou um governo ucraniano mergulhado em corrupção. O resultado: cerca de 500 mil soldados ucranianos mortos e milhões de jovens mutilados — tudo isso com o objetivo de desgastar a Rússia.
Hoje, as pretensões ocidentais na Ucrânia fracassaram. Faltam soldados jovens e saudáveis para serem enviados contra o maior sistema de artilharia do mundo. O Ocidente não tem mais cartas viáveis a jogar.
No caso da Faixa de Gaza, o problema antecede o ataque do Hamas. Muito antes da ofensiva do grupo, forças israelenses já vinham matando palestinos indiscriminadamente. Meses antes do ataque, o governo de Israel chegou ao ponto de destruir uma nascente que abastecia Gaza com água (os israelenses inclusive proíbem os palestinos de coletar água da chuva). Em entrevista ao canal do comandante Farinazzo, um general português denunciou práticas ainda mais graves: https://www.youtube.com/watch?v=3UdGB8Vzdpk.
A atuação dos colonos israelenses lembra práticas nazistas: assassinatos, roubo de terras, saque de bens, como painéis solares, entre outros. Além disso, crianças palestinas com menos de 10 anos são presas, e o acesso de organismos internacionais de direitos humanos é proibido. Imagine se a China fizesse o mesmo com os uigures — a comoção internacional seria imediata.
O apoio do Ocidente a Israel parece mais um pacto com o diabo do que uma aliança baseada em valores democráticos. Para proteger Israel, o Ocidente ignora completamente os princípios que costuma impor a outros povos com sanções e bombas. Ou seja, perdeu o direito de criticar a China pela situação dos uigures.
Na China, os uigures têm mais direitos e segurança do que os palestinos. Têm acesso a empregos, escolas públicas e políticas de integração — algo que Israel nunca tentou implementar com as minorias sob seu domínio. A China tem uma constituição. Israel, não. E mesmo assim se autoproclama uma democracia, apesar de negar direitos a uma parte significativa de sua população — a África do Sul do apartheid, ao menos, tinha uma constituição e formava médicos negros em universidades públicas.
Israel aplica políticas que lembram a Alemanha nazista e o regime racista sul-africano — sem jamais sofrer sanções do Ocidente ou ser bombardeado em nome da democracia. Curiosamente, o Iraque de Saddam Hussein oferecia mais dignidade às minorias do que Israel oferece aos palestinos: alfabetização universal, ensino público e políticas sociais básicas.
Esse duplo padrão terá um preço alto. O Ocidente está perdendo o bastão da moralidade, que agora começa a passar para os países do Oriente, arrastando com eles todo o Sul Global. Se for para medir civilidade e valores humanos, até o Irã — com sua constituição — começa a parecer mais coerente do que muitas potências ocidentais.
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