Crianças Desaparecidas: O Que Dizem os Dados no Brasil e nos EUA?

 


O desaparecimento de crianças é um tema que mobiliza famílias, governos e organizações em todo o mundo. Entretanto, há também uma série de mitos e desinformações sobre o que está por trás desses desaparecimentos — como a suposta relação com o tráfico de órgãos. Neste post, trazemos os dados mais recentes sobre o desaparecimento de crianças no Brasil e nos EUA, além de esclarecer o que as autoridades realmente apontam como causas principais.

Situação no Brasil

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP):

  • Em 2022, foram registrados 2.169 casos de crianças desaparecidas (0 a 11 anos) no Brasil — uma média de seis por dia. Cerca de 55,5% eram meninos.

  • A região Sudeste liderou os registros, com 37,39% dos casos.

  • Das crianças desaparecidas, 1.237 foram localizadas no mesmo ano.

  • Em 2023, o país registrou 82.287 desaparecimentos ao todo, com aproximadamente 25% (mais de 20 mil) envolvendo menores de 18 anos.

  • Segundo o MJSP, cerca de 20 mil crianças e adolescentes desaparecem todos os anos, e cerca de 12 mil são localizadas.

O Brasil conta com políticas públicas, como o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (Lei nº 13.812/2019) e programas como o SOS Crianças Desaparecidas, que já solucionou mais de 86% dos seus casos.

Situação nos Estados Unidos

De acordo com o National Center for Missing & Exploited Children (NCMEC):

  • Em 2024, mais de 29 mil crianças foram relatadas como desaparecidas, sendo que 1 em cada 7 era potencial vítima de tráfico sexual infantil.

  • Crianças em situação de acolhimento são particularmente vulneráveis: entre 2018 e 2022, 410 crianças desaparecidas na Geórgia foram identificadas como prováveis vítimas de tráfico.

  • Operações como a “Operation Cross Country” do FBI localizaram 84 menores vítimas de tráfico sexual infantil e 37 crianças desaparecidas em 2022.

Existe relação com o tráfico de órgãos?

Apesar de ser um dos boatos mais recorrentes, não há qualquer evidência oficial ou dados concretos, tanto no Brasil quanto nos EUA, que indiquem uma ligação significativa entre o desaparecimento de crianças e o tráfico de órgãos.

  • No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reconhece que essa hipótese pode ocorrer em casos extremamente raros, mas reforça que não é a principal causa de desaparecimentos.

  • Um exemplo citado foi o caso dos Meninos Emasculados de Altamira (PA), entre 1989 e 1993, no qual chegou-se a levantar essa possibilidade. No entanto, a investigação concluiu que os órgãos removidos não eram viáveis para transplantes.

  • Nos Estados Unidos, o foco das investigações permanece em crimes com finalidade de exploração sexual, adoção ilegal e tráfico humano — não em tráfico de órgãos.

Conclusão

O desaparecimento de crianças é uma tragédia social que exige atenção e políticas públicas eficazes. Porém, é fundamental combater a desinformação: até o momento, não há dados que comprovem a relação entre esses desaparecimentos e o tráfico de órgãos.

As autoridades focam seus esforços no combate a crimes como tráfico sexual, exploração infantil e trabalho forçado — causas que, infelizmente, são mais comuns e documentadas.


Fontes:

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