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Título: A Democracia Segundo o Ocidente: O Caso Irã e a Retórica da Guerra

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Hoje, diante das tensões crescentes entre Israel e Irã, a retórica dominante no Ocidente tende a pintar o Irã como a grande ameaça à democracia no Oriente Médio. É uma narrativa comum: na visão ocidental, democracia e direitos humanos são valores universais — mas sua aplicação parece seguir uma lógica profundamente seletiva, guiada mais por interesses estratégicos do que por princípios éticos. Basta uma rápida olhada no passado para entender a raiz desse paradoxo. Um exemplo emblemático é o golpe de 1953 no Irã, que derrubou o então primeiro-ministro Mohammad Mosaddegh , democraticamente eleito e defensor de uma política secular e nacionalista. Seu "erro"? Ter nacionalizado o petróleo iraniano, até então controlado por empresas britânicas, o que afetava diretamente os interesses econômicos do Reino Unido e dos Estados Unidos . Temendo a perda de influência na região e a disseminação do nacionalismo anticolonial, as potências ocidentais orquestraram uma intervenção clandest...

O fantasma do comunismo: de Marx à sua avó

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  Assistindo ao vídeo no YouTube “Por que sua tia tem medo do comunismo?” , produzido por Tiago Santineli — que pode ser acessado neste link — percebi um ponto crucial: há um sério problema na forma como a história tem sido comunicada. Apesar de ser advogado, Santineli presta um verdadeiro serviço à historiografia ao montar uma linha do tempo envolvente e provocativa, que nos leva a refletir sobre a construção da realidade capitalista. Ele escancara o absurdo de um sistema que faz as pessoas temerem a "opressão" de ganhar uma casa do Estado, mas celebrarem a "liberdade" de morar na rua. A construção da imagem do comunismo como algo maligno não é acidental. George Orwell, por exemplo, tornou-se um ícone dessa crítica distorcida — embora ele próprio fosse um socialista democrático. Em obras como 1984 e A Revolução dos Bichos , Orwell critica a burocracia autoritária do stalinismo, mas suas ideias foram apropriadas e manipuladas pelo Ocidente como um ataque genéric...

Trump, China e a Insensatez Americana: a hegemonia em xeque

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  Por mais de um século, os Estados Unidos foram o farol do capitalismo global, sustentando sua hegemonia sobre três pilares: poderio militar, supremacia econômica e a confiança quase inabalável na segurança dos seus títulos públicos. Essa confiança, no entanto, está sendo erodida — não apenas pelas mudanças geopolíticas do século XXI, mas, sobretudo, pelas escolhas internas dos próprios EUA. E ninguém encarna melhor essa marcha da insensatez do que Donald Trump. Ao colocar sua agenda personalista acima das instituições, Trump desorganiza não apenas a política americana, mas também afeta diretamente a economia global. O que mais preocupa os investidores hoje não é apenas a dívida dos EUA — que ultrapassou os US$ 34 trilhões em 2024 (segundo dados do U.S. Treasury ) — mas o risco político de um país que ameaça a própria democracia em nome de um projeto populista e autoritário. Pior: a segurança do dólar, moeda global de referência, não está mais totalmente nas mãos dos EUA. Hoje,...

O Mercado Contra a Democracia: Velhas Nobrezas em Novas Roupagens

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  Há algo profundamente disfuncional na relação entre o “mercado” e a democracia. Não me refiro aqui ao conceito abstrato de trocas econômicas, mas ao sistema financeiro, grandes investidores, rentistas e conglomerados que, sob o eufemismo de “mercado”, agem como se fossem a nova nobreza do Antigo Regime: exigem privilégios, acumulam poder e querem manter os pobres sob rédea curta. No Brasil, é cada vez mais comum a frase – com origem em redes sociais e rodas de boteco políticas – de que o “mercado”, liderado simbolicamente por figuras da Faria Lima, quer “enforcar os aposentados com as tripas dos pobres”. Forte? Sem dúvida. Mas quem observa o comportamento do mercado diante de pautas sociais básicas como o salário mínimo ou a Previdência percebe que há uma verdade incômoda aí. Recentemente, o governo federal foi pressionado a não aumentar o salário mínimo em linha com a inflação e o crescimento econômico. Mais grave ainda foi a tentativa de romper o vínculo constitucional entre ...

Coluna: Os Desafios de Lula entre Indústria, Empregos e o Banco Central

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O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva se inicia sob condições bem distintas dos anos dourados do “Brasil que deu certo” entre 2003 e 2010. Se, naquela época, o boom das commodities ajudava a expandir o crédito, aumentar o emprego e dar impulso à indústria nacional, hoje Lula se vê obrigado a reinventar a roda em um cenário adverso: desindustrialização acelerada, uma economia global fragmentada e um Banco Central com autonomia formal e uma postura monetária hostil. Lula aposta, mais uma vez, em uma política industrial ativa para reverter a estagnação produtiva do país. O relançamento da Nova Indústria Brasil , com foco em transição energética, saúde, agroindústria, defesa e tecnologia da informação, é uma tentativa ambiciosa de colocar o país novamente na trilha do desenvolvimento. Mas essa tentativa esbarra em um problema estrutural: como impulsionar investimentos, gerar empregos e promover inovação com juros reais entre os mais altos do mundo? Desde que assumiu, o presiden...

Trump, a Economia dos EUA e a Segurança dos Títulos Americanos

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  Na atual conjuntura, a eleição de Donald Trump ao poder representa sérios riscos à economia dos EUA e à confiança global no dólar. Entre os impactos mais preocupantes está o enfraquecimento da segurança dos títulos do Tesouro americano, amplamente mantidos por investidores estrangeiros — sobretudo China e Japão. 1. Quem detém hoje os títulos dos EUA? Em dezembro de 2024, Japão e China reduziram suas posições em títulos americanos: Japão diminuiu de US $ 1,087 tri para US $ 1,060 tri; China caiu de US $ 768,6 bi para US $ 759 bi reddit.com +10 investing.com +10 economictimes.indiatimes.com +10 . Dados do Tesouro americano confirmam que, em janeiro de 2025, o Japão detinha cerca de US $ 1,079 tri, e a China US $ 760 bi . Esses dois países continuam como principais credores externos dos EUA, reforçando que a "segurança do dólar" hoje está em mãos estrangeiras—um cenário que torna Washington vulnerável. 2. O Japão da década de 1980: um exemplo de submissã...

EVOLUÇÃO DO VOO EM INVERTEBRADOS

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