Carta Aberta: A Importância da Bomba Atômica Brasileira
Vivemos um momento de crescente instabilidade na governança global. As instituições internacionais, outrora criadas para garantir equilíbrio e respeito às normas entre as nações, estão sendo frequentemente desacreditadas — muitas vezes, pelas próprias potências que as instituíram. A quebra recorrente das regras por parte das grandes potências ocidentais levanta uma reflexão inevitável: em um mundo cada vez mais volátil, quais ferramentas restam aos países do Sul Global para garantir sua soberania e segurança?
O Brasil, maior nação da América do Sul em território, população e recursos naturais, não pode continuar a depender exclusivamente de tratados multilaterais e de boas intenções diplomáticas. O cenário internacional evidencia que a dissuasão nuclear continua sendo, infelizmente, um dos poucos instrumentos realmente respeitados no xadrez geopolítico global.
Exemplos recentes reforçam essa constatação. A experiência do Irã, que tentou seguir por vias diplomáticas e aceitou severas fiscalizações internacionais por parte da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), mostra que a transparência não foi suficiente para garantir sua soberania ou integridade econômica. Já países como a Coreia do Norte, que adotaram uma política de dissuasão, mantêm um grau de proteção contra intervenções externas justamente por causa de seu arsenal atômico.
É nesse contexto que propomos abrir o debate: deve o Brasil desenvolver sua própria bomba atômica como meio de garantir sua soberania, segurança regional e relevância internacional? Tal iniciativa não teria o objetivo de agressão, mas sim de dissuadir possíveis ameaças externas e proteger a América do Sul de ingerências abusivas.
Mais do que uma questão técnica, trata-se de uma discussão estratégica e moral. A dissuasão nuclear é, paradoxalmente, uma ferramenta de paz, pois impõe limites à escalada militar entre potências. Um Brasil nuclearmente armado não apenas se protegeria, como também poderia exercer um papel de estabilizador regional, tornando-se pilar de segurança continental.
Diante disso, devemos propor também a reavaliação da participação brasileira em regimes internacionais de fiscalização nuclear, como o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e acordos com a AIEA, que têm se mostrado assimétricos e desfavoráveis às nações do Sul.
Não se trata de militarizar a política externa, mas de reconhecer que a paz, em um mundo predatório, exige força, preparo e soberania tecnológica. O tempo para essa discussão chegou — e ela precisa ser feita com coragem, realismo e responsabilidade.

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