Eu quero ver onde isso vai dá...


Segundo Marco Aurélio Mello de seu blog do DoLadoDeLá; hoje no país não há condições para golpes, pois, há vários fatores novos que não haviam em 1964 e nem havia em Honduras quando houve um golpe via judiciário.

A sociedade brasileira é muito mais complexa e mais exigente que antes. A classe média agora é maioria e multi-cultural, essa nova classe média cresceu e se espalhou pelo Brasil e tem desejos bem diferentes da antiga classe média reacionária predominantemente branca. Não quer o fim processo iniciado pelo governo chefiado por Lula de inclusão e desenvolvimento.

É uma população organizada em novas igrejas e em movimentos comunitários e sociais que querem fazer parte do Brasil. Eles estudam mais, aprendem novas tecnologias com maior rapidez e estão indo para as universidades. Será uma oposição formidável a qualquer movimente reacionário, acho que bem maior que aquele que impediu um golpe contra Chávez na Venezuela em 2002.

Entretanto conheço a capacidade dos reacionários brasileiros em pisar na jaca. Acho que isso é um mal plantado pelos neoliberais no mundo todo. Mas no Brasil em particular isso piora pois eles são isolados da realidade pela mídia que os serve. Pois, a mídia brasileira informa mal sobre o Brasil. Essa má qualidade da informação pode ter contribuindo para o fraco desempenho do DEM/PFL nas eleições, pois os políticos conservadores mal informados usaram nas eleições os mesmo métodos da década de 60 e não viram que o brasileiros mudaram muito.

O caso Lina Vieira levantado pela oposição conservadora é um exemplo da triste deterioração da capacidade política da "direita". Pois, deixou-se de fazer o debate de idéias e alternativas para o puro e simples sistema de criação de factóides midiáticos que envergonha até meu priminho de 8 anos (não importa que a história seja falsa o importante é o adversário se defenda dela).

Porém o texto de Marco Aurélio não deixa de ser otimista e uma análise bem interessante do momento.

"O pessoal está delirando. Não existe a menor possibilidade de golpe. O povo não aceitaria. Ao contrário de outros momentos históricos, em que as elites, os formadores de opinião e a classe média urbana se juntaram para criar um ambiente favorável à intervenção, desta vez não dá. Não dá porque partes da velha oligarquia e do coronelismo rural foram cooptados pelo Governo. Hoje, de Norte a Sul do país, há palanques para a candidata situacionista. E para completar, o povo quer a continuidade do modelo que estimula o crescimento econômico, combate a pobreza e diminui as desigualdades, distribuindo melhor a renda. E depois tem outra, um líder carismático como o atual presidente é forte o bastante para erguer uma muralha institucional interna e externamente. Não há ambiente, não há clima, não há espírito para isso. Portanto, deixem eles gritar e esbravejar. É do jogo. Não é fácil perder poder político e econômico tão rapidamente assim. Não é fácil deixar de frequentar os salões da nobreza e deixar de ser interlocutor dos governantes de turno, por isso o desespero. Está em curso uma enorme onda que arrastará os personagens anacrônicos para o fosso da história. Isso é irreversível. Nessas horas, quanto menos eco os perdedores tiverem nas suas manifestações, mais irrelevantes se tornarão."

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