Democracia: A Gente Ainda Vai Ter Que Lutar Muito

 

Falar em democracia no Brasil virou quase um ato de resistência. Ela está de pé, mas cambaleando. E não é de hoje.

Democracia de verdade não é só votar a cada dois anos. É garantir que todos tenham direitos respeitados, que ninguém seja tratado como cidadão de segunda classe por causa da cor da pele, da conta bancária ou do lugar onde nasceu. E nisso, estamos falhando feio.

A internet, que poderia ser espaço de troca e aprendizado, virou terreno dominado por desinformação. Fake news correm soltas, alimentadas por grupos extremistas que não têm nenhum compromisso com a verdade — e muito menos com o país. Sem regulação, o debate público vira gritaria, e quem grita mais alto, mesmo mentindo, vence.

Do outro lado da moeda, a polícia. A atuação violenta e racista de parte das forças de segurança parece não ter freio. Tem agente do Estado que acha que pode atirar primeiro e perguntar depois. Mas não existe democracia quando o Estado escolhe quem merece viver. E, quase sempre, quem morre tem cor, CEP e história bem parecidos.

E os militares? Justamente o grupo mais protegido, mais bem pago e cheio de privilégios no serviço público, vive ameaçando o jogo democrático. Em vez de defender a Constituição, vivem flertando com o autoritarismo. Tem horas que dá vontade de seguir o exemplo da Costa Rica: acabar com as Forças Armadas e investir tudo em educação. Imagina o que esse país poderia ser?

Mas mais do que reformas ou mudanças radicais, o que a gente precisa mesmo é aprender a cuidar da democracia. Ensinar desde cedo que ela é feita de respeito, escuta, diversidade. Que ninguém pode ser mais ou menos cidadão por causa da sua religião, da sua cor ou da sua origem. Democracia só se sustenta quando é de todos, não de uns poucos.

Defender a democracia no Brasil exige coragem. Mas é a única saída se quisermos um país mais justo, mais seguro e mais humano.