A Guerra Política Já Começou: O Brasil e o Risco de Repetir o Caminho dos EUA
O Brasil entrou, ainda em 2025, em um novo ciclo de polarização extrema. A campanha presidencial de 2026 já começou, com ataques sistemáticos às instituições democráticas, à imprensa livre, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao próprio pacto civilizatório que sustenta a República.
De um lado, temos o campo democrático que, por mais fragmentado e frágil que esteja, ainda se organiza em torno do presidente Lula — que, aos 81 anos em 2026, representará talvez a última figura com capital político e histórico para tentar segurar uma nova onda autoritária. De outro lado, uma coalizão cada vez mais radicalizada, que envolve interesses do mercado financeiro, grupos de mídia simpáticos ao liberalismo econômico desenfreado, milícias digitais organizadas e apoiadas por Big Techs, e redes articuladas de desinformação.
Um Brasil à Beira de Repetir os EUA de Trump
A situação remete perigosamente ao que vimos nos Estados Unidos. Donald Trump foi reeleito em 2024 e, desde então, intensificou os ataques a instituições como o FBI, o Departamento de Justiça e as universidades públicas. Professores, cientistas e até jornalistas passaram a ser perseguidos por opiniões contrárias ao governo.
No Brasil, a extrema direita segue roteiro semelhante. Jair Bolsonaro, em evento do PL Mulher no dia 6 de junho de 2025, declarou abertamente:
“Nós decidimos quem vai ser indicado ao Supremo. [...] Ouso dizer: mandaremos mais que o próprio Presidente da República.”(Fonte: InfoMoney)
Essa frase explicita um ataque direto ao princípio da independência entre os Poderes, um dos pilares da democracia. Controlar o Senado para "mandar mais que o presidente" é colocar o país num caminho autoritário e sem freios.
Big Techs e a Guerra Contra a Regulação
Assim como nos EUA, as Big Techs no Brasil — Google, Meta, X (ex-Twitter), YouTube — têm resistido ferozmente a qualquer tentativa de regulação. Alegam "liberdade de expressão", mas permitem, por omissão ou conveniência, a disseminação de fake news, discursos de ódio e campanhas de desinformação.
A CPI das Fake News e o projeto de Lei das Fake News (PL 2630) foram travados, em grande parte, por lobby das plataformas. Isso permite que influenciadores, canais e bots coordenados ataquem instituições democráticas diariamente, muitas vezes sem qualquer consequência.
Um STF Emparedado e uma Frente Democrática Fragilizada
O STF tem sido um dos últimos freios à escalada autoritária. Mas está sob ataque constante: ameaças a ministros, pedidos de impeachment forjados por parlamentares bolsonaristas, e tentativas de deslegitimar decisões judiciais com base em teorias conspiratórias.
O plano da extrema direita é claro: eleger uma maioria no Senado em 2026 e, com isso, emparedar o STF, bloquear indicações progressistas e transformar o Judiciário em um braço do Executivo — como já ocorre em regimes autoritários.
Enquanto isso, a frente ampla democrática parece combalida. A esquerda tem dificuldades em comunicar-se com as massas, especialmente nas redes sociais. Seus quadros mais técnicos falham em traduzir a gravidade do momento em uma linguagem acessível, enquanto os democratas de centro temem enfrentar diretamente os bolsonaristas — como se ainda houvesse espaço para um "debate civilizado".
Mídia Tradicional: Neutralidade Que Custa Caro
Boa parte da grande mídia trata os ataques antidemocráticos como "posições legítimas", normalizando golpistas como meros opositores. Quando se dá voz a quem defende abertamente o fim do STF, o retorno da ditadura ou a violência contra adversários, o jornalismo deixa de cumprir sua função histórica: defender a verdade e os valores democráticos.
Ainda Há Esperança?
A situação é grave, sem dúvida. Mas a história mostra que a democracia é resiliente. Ela pode ser sufocada, manipulada, atacada — mas dificilmente é destruída para sempre. Como diz o provérbio, "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".
Cabe a cada cidadão, comunicador, educador, jurista, político e trabalhador decidir de que lado estará quando o embate final chegar. Não se trata de esquerda ou direita, mas de civilização contra barbárie.
Referências:
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InfoMoney. “Bolsonaro diz que Senado bolsonarista em 2026 poderá mandar mais que o presidente.” 6 jun. 2025. https://www.infomoney.com.br/politica/bolsonaro-diz-que-senado-bolsonarista-em-2026-podera-mandar-mais-que-o-presidente/
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BBC Brasil. “Big Techs e o lobby contra regulação das fake news.” https://www.bbc.com/portuguese/brasil-65317178
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Nexo Jornal. “Como o PL das Fake News virou disputa entre Congresso, governo e Big Techs.” https://www.nexojornal.com.br/expresso/2023/04/26/Como-o-PL-das-Fake-News-virou-disputa-entre-Congresso-governo-e-Big-Techs
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The Guardian. “Donald Trump targets academics and public servants in new campaign of revenge.” https://www.theguardian.com/us-news/2024/feb/17/trump-second-term-public-sector
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