Fraudes no INSS: Como leis e brechas tecnológicas estão permitindo descontos indevidos em aposentadorias
Nos últimos anos, uma avalanche silenciosa tem atingido aposentados e pensionistas do INSS: descontos indevidos diretamente no benefício, sem autorização clara ou sequer conhecimento do segurado. E o mais grave: essas fraudes são viabilizadas por leis e sistemas mal fiscalizados.
🔍 Onde está o problema?
Leis como a nº 10.820/2003, criadas para facilitar o acesso ao crédito consignado, autorizam descontos automáticos no pagamento dos aposentados — o que deveria ser um benefício virou uma brecha. Junto a isso, convênios entre o INSS e entidades privadas permitem que sindicatos, associações e até "clubes de vantagens" façam descontos mensais com base em um suposto consentimento.
📉 O agravamento a partir de 2018
A situação se agravou após mudanças promovidas em 2018, quando o governo ampliou o número de instituições aptas a firmar convênios com o INSS para oferecer produtos e serviços com desconto direto na folha de pagamento.
Sem critérios claros ou mecanismos rigorosos de controle, isso resultou em:
- Explosão de convênios com entidades fantasmas ou de fachada;
- Crescimento de descontos "autorizados" sem ciência do beneficiário;
- Entrada de intermediários e correspondentes bancários pouco fiscalizados;
- Adoção de sistemas automatizados sem autenticação segura.
Em muitos casos, beneficiários só descobrem que estão associados a uma entidade após meses de descontos mensais — valores aparentemente pequenos (R$10 a R$40), que somam milhões nos cofres das entidades envolvidas.
⚙️ O papel da tecnologia... e do descuido
Hoje, muitos contratos são formalizados por telefone, internet ou aplicativos, mas sem autenticação robusta (como biometria ou validação em dois fatores). Com dados básicos vazados (CPF, número do benefício e data de nascimento), criminosos podem autorizar serviços ou empréstimos em nome do aposentado com extrema facilidade.
O Sistema de Autorização de Descontos do INSS (SAD) tenta oferecer algum controle, mas muitos beneficiários não sabem que ele existe ou não conseguem acessá-lo. A consequência? Fraudes que demoram meses para serem percebidas — e mais meses para serem resolvidas.
🧠 O que você pode (e deve) fazer:
- Acompanhe os extratos mensais do benefício no portal ou aplicativo Meu INSS.
- Bloqueie autorizações de desconto pelo sistema SAD: https://meu.inss.gov.br
- Desconfie de chamadas, mensagens ou ofertas que pedem confirmação de dados pessoais.
- Oriente familiares e idosos sobre esses riscos — muitos não têm familiaridade digital e precisam de apoio.
- Se notar descontos suspeitos: registre uma denúncia no INSS e no Procon.
🔐 Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
A LGPD existe para proteger a privacidade dos seus dados, mas sua aplicação ainda é frágil na prática. Dados de aposentados continuam vazando, sendo vendidos e utilizados por criminosos. Pressionar por fiscalização mais rígida é essencial.
📌 Conclusão
Tecnologia deve empoderar — não explorar. Precisamos repensar como sistemas públicos lidam com dados sensíveis, especialmente quando envolvem a população mais vulnerável. A transformação digital só é justa quando é também segura e transparente.
Você conhece alguém que sofreu esse tipo de desconto indevido?
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